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Bob Marley não fazia música, ele queria te fazer pensar


Na última segunda-feira (12) eu fui assistir à estreia do filme “One Love”, a biografia do líder de uma legião ligada ao “reggae music”, como ele mesmo fazia questão de chamar o ritmo dos Wailers. Quando se fala em Bob Marley logo vem à cabeça várias outras conexões. Algumas ligadas aos seus hábitos, mas a maioria delas, ligadas às suas ideias.


Para quem não sabe, Bob Marley foi um dos artistas mais influentes da sua época (70-80), fazendo com que a sua mensagem chegasse em todos os cantos do mundo, mesmo onde não havia a guerra (um dos motivos pelos quais resolveu espalhar a sua mensagem!). Em uma pesquisa realizada pelo MIT, no projeto Pantheon (pantheon.world), ainda hoje (2024) ele é considerado o segundo músico mais lembrado do mundo, mesmo 43 anos após sua morte.


A personalidade marcante dessa biografia certamente faz entender parte dos caminhos que ele trilhou com a sua música e o seu talento, mas o que mais me chamou atenção no filme (sem spoiler de nenhum tipo) foi realmente a força com que ele defendia a sua mensagem e como ele fazia com que isso contagiasse não somente a sua banda, sua família e todos os seus seguidores (sim, ele tinha mais do que fãs, ele era o líder de um propósito maior do que a música).


Em alguns momentos do filme ele reforça que o que faz "é mais do que música", ou "isso não é sobre fazer dinheiro", e a reflexão que eu desejo trazer aqui é sobre isso: o que está por trás da sua marca, da sua personalidade e da sua capacidade de criar algo de valor na vida de outras pessoas?


Esse texto é longo e reflexivo, por isso vou dividi-lo em duas partes: esse prólogo, com um breve motivo pelo qual pensei sobre tudo isso, e mais adiante (na semana que vem!) um pensamento mais aprofundado sobre a importância de como ter um motivo relevante faz com que marcas e empresas possam carregar mais do que clientes, verdadeiros fãs e defensores de uma ideia.

Algumas conexões que podemos fazer entre essa marca referência na música mundial são mensagens e expressões que suas canções traziam sobre racismo, liberdade, opressão e violência, sempre carregando abordagens religiosas e de fé, trazidas da religião que ele difundia, o Rastafarianismo.


O termo 'rastafari' (ler em inglês 'rastafarái', com R enrolado e acento no último A, é um jeito de 'ouvir' com a voz no Bob rsrs) é a menção do nome do seu "Deus", a personificação de Jah, que ainda era vivo naquele momento, como imperador da Etiópia (1892-1975). Seus pensamentos e textos fizeram com que aquela região o celebrasse como o próprio Jah reencarnado na terra e isso foi difundido de forma bem marcante em toda África (e fora dela).


Com esse pequeno início, gostaria que desse tempo de que algumas pessoas ainda pudessem assistir o filme para que a segunda parte faça ainda mais sentido. Marcas e pessoas são dois lados de uma mesma moeda, porque uma não existe sem a outra e a união desses dois lados transforma a experiência em algo de valor, e isso só ocorre quando nenhum dos lados se corrompe. Você vai entender bem isso na segunda parte!


A mensagem de Bob Marley era mais importante do que a sua música, ele acreditava que através das suas composições poderia fazer com que as pessoas pudessem pensar mais sobre os temas importantes que ele abordava: em sua maioria ligados à opressão política, guerras, divisões raciais e a desigualdade social.


[ A década de 70 foi um período extremamente tenso na Jamaica, repleto de brigas entre os principais partidos políticos da época, o que era motivo também de guerras entre as facções que dominavam o tráfico de drogas e as milícias daquele país. Para se ter uma ideia, o Rio Grande do Sul é 20 vezes maior que a Jamaica em território, mas apenas 5 vezes maior em população, o que faz com que a densidade demográfica daquele local seja bem grande (248 hab./km²), se comparado ao nosso estado (39,8 hab./km²). ] 


O que importava naquele momento era conduzir uma legião de pessoas a ajudarem em um movimento importante para o povo Jamaicano (na visão do Bob, o mundo inteiro!). E para isso ele fez questão de deixar claro em suas músicas (e no seu estilo de vida) que o que importava mesmo eram as ações que envolviam o amor ao próximo, uma procura real de propósito (no caso dele uma religiosidade), e acima de tudo, uma causa real para lutar e envolver as pessoas.


Nesse sentido, o que a sua marca busca na conexão diária com seus clientes? No discurso que você publica ou compartilha nas suas redes, a verdade que você acredita está estampada também na sua vida privada? Existe uma procura (ou busca) por um propósito que una clientes, gestores e colaboradores? Talvez o que falta em muitas das marcas que vemos hoje em dia é realmente um senso de comunidade que possa afetar publicamente ao ponto de gerar um desejo maior do que o de consumir.


Talvez o que falta em muitas das marcas que vemos hoje em dia é realmente um senso de comunidade que possa afetar publicamente ao ponto de gerar um desejo maior do que o de consumir.

Encerrando esse pequeno pensamento sobre o filme, gostaria de lembrar que em 22 de abril de 1978, sobre o palco, após vários momentos de guerra civil em seu país, uma tentativa de assassinato e inúmeras ameaças à sua famíilia, Bob Marley uniu políticos de esquerda e direita para um compromisso público em frente à multidão de 35 mil pessoas: a paz em seu país.


É ingênuo pensar que isso resolveria o problema daquele país - que 46 anos depois ainda tem a violência como uma realidade - mas o importante aqui foi refletir sobre uma intenção que moveu centenas de milhões de pessoas em todo o mundo em busca de um mesmo propósito (a paz), e a legião de fãs que emana os pensamentos do astro Jamaicano até os dias de hoje jamais será apagada.


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